
O acretismo placentário ocorre quando a placenta ultrapassa a camada uterina (endométrio) invadindo a musculatura uterina e, às vezes, chegando aos órgãos próximos como a bexiga. A condição é uma das principais causas de morte materna no mundo. Por isso seu diagnóstico durante o pré-natal é fundamental.
A incidência de placenta acreta é, em média, de 1 para cada 500 partos, segundo o International Journal of Ginecology and Obstetrics. O quadro pode causar grande hemorragia com risco para a mãe e também para o bebê.
A placenta é a base de aporte circulatório para a vida do bebê. “A placenta ao invadir camadas profundas do útero e até mesmo órgãos vizinhos impõe à gestante um risco de hemorragia de difícil controle, inclusive antes do parto e principalmente durante o parto. Gestantes com placenta acreta merecem um acompanhamento com equipe especializada e multidisciplinar ao longo do pré-natal e na condução do parto, com o objetivo de assegurar um desfecho favorável para a mãe e bebê”, explica a ginecologista obstetra Dra. Lucila Nagata.
Fatores de risco para o acretismo placentário
As causas de acretismo placentário ainda não são bem definidas pela ciência, mas alguns fatores aumentam sobremaneira o risco. São eles:
• Idade acima de 35 anos;
• Histórico de cesáreas prévias;
• Placenta de inserção baixa ou prévia total;
• História de acretismo em gestação anterior;
• Alterações uterinas, como malformações Müllerianas ou miomas;
• Cirurgias uterinas como: miomectomias (retirada de miomas), curetagem uterina e AMIU (aspiração manual intrauterina);
• Processos infecciosos uterinos.
O ultrassonografista deve estar atento a todos esses fatores durante a realização dos ultrassons no pré-natal.
Sintomas da placenta acreta
Um dos desafios para os médicos e a família é a falta de sintomas durante a gestação. “A paciente geralmente não apresenta nenhum sintoma que sugira que ela tenha acretismo placentário”, afirma Dra. Lucila. Por isso um pré-natal cuidadoso é necessário. Durante o parto, o sangramento pode iniciar imediatamente após a retirada da placenta ou mesmo após o parto já finalizado.
Como diagnosticar o acretismo placentário?
As ultrassonografias no pré-natal podem identificar o acretismo placentário e alertar o obstetra para o risco existente, oferecendo a possibilidade do obstetra planejar um parto voltado para esse cenário.” Importante ressaltar que no acretismo placentário, o parto não é um procedimento convencional pois o risco de sangramento exige uma alteração de estratégia cirúrgica promovido pela equipe médica”, pontua a Dra. Lucila.
Uma vez realizado o diagnóstico, a gestante deve ser acompanhada por um médico de gestação de alto risco e experiente em acretismo placentário.
Quem tem acretismo placentário pode fazer parto normal?
Geralmente, a grande maioria das pacientes com acretismo placentário tem placenta de inserção baixa ou prévia, o que por si só já contraindicam o parto vaginal.
“Se a paciente ou obstetra não souberem do quadro de acretismo placentário e a sua inserção for alta, ela até pode ter um parto normal, mas no momento da saída da placenta e a mesma por estar fortemente aderida aos planos profundos do útero, não será eliminada da forma convencional. Esse cenário poderá desdobrar em remoção total do útero”, esclarece Dra. Lucila.
Em todo acretismo é preciso retirar o útero?
Na maioria das vezes, sim. “Há casos onde julgamos a possibilidade de manter o útero, mas são situações de exceção e nos casos onde o acretismo é localizado, quando poderemos remover somente a parte uterina comprometida. Esses casos devem ter o diagnóstico prévio à cirurgia e serem programados e acordados com a paciente e sua família. Nas pacientes onde existe um comprometimento de órgãos vizinhos e dentre eles, a bexiga é o órgão mais frequente, a presença de urologista experiente na equipe se reveste de muita importância na manipulação, e às vezes na reconstrução da bexiga”, afirma a especialista em parto de alto risco.
Se você foi diagnosticada com acretismo placentário, conte com o apoio de especialistas no assunto da equipe MABE. Agende sua consulta.
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